Para termos este entendimento, temos de recuar no tempo, até à altura em que éramos
bebés. Se repararmos, os bebés quando nascem são extremamente frágeis e têm de ser
cuidados por quem os recebeu. São estas pessoas que proveem tudo o que o bebé necessita
para que sobreviva. Até que o bebé consegue andar, é quem o rodeia que tem de garantir
alimento, abrigo, descanso, etc. .
Desta forma, a criança habitua-se a ser “o centro das atenções”: o bebé ri e todos riem, se o
bebé chora “todos acodem”. É aqui que começa a programação, inconsciente, do automático
da vitimização: “Estou mal todos vêm dar atenção”.
Esta é a posição da criança que não se sente preparada para lidar com desafios.
No processo de crescimento, se todas as etapas forem bem apreendidas, o que acontece é que
há o contacto com algo novo, as pessoas de suporte que estão à volta ajudam a ultrapassar a
questão/desafio/problema, e quando isto acontece o indivíduo fica com uma competência
adquirida, uma ferramenta adquirida – inconscientemente, isto traduz-se em “eu consigo
resolver”. Quando as ditas etapas não são superadas, o entorno de apoio não empodera, apoia
e ampara, e as aprendizagens/competências não são adquiridas, salta o automático “vou
chorar para me ajudarem”.
O ultrapassar de etapas e a aquisição de competências fazem parte do crescimento e
empoderamento pessoal. As pessoas que se vitimizam, no fundo, acham que não conseguem,
que não são capazes. Depois, há outras dinâmicas que podem reforçar e de algum modo
perpetuar este comportamento, como por exemplo, quem está à volta tratar a pessoa como se
ela não fosse capaz. Como? Substituindo-se à própria pessoa e fazendo por ela aquilo que ela
deveria fazer. Pode ir desde o fazer a cama até ao procurar emprego pelo outro.
Os desafios são oportunidades de crescimento. E cada um tem no seu Caminho os desafios de
que necessita para crescer e Brilhar a Sua Unicidade.
Lembremo-nos disto quando olhamos para alguém que ainda se vê como vitima. Apoiar sem
se substituir ao outro. Assim todos nos empoderamos e ninguém se sente a carregar o mundo
às costas. Porque quem se substitui a quem se vitimiza acaba por se sentir a carregar fardos
que não são seus.
Se precisar, peça ajuda!