“Não há no mundo alguém que não precise de ninguém.” Foi uma frase que ouvi há uns quantos anos e na qual encontrei imenso sentido. Há frases que embora obvias, ditas em certas alturas nos fazem um sentido “cá dentro” e esta foi uma delas.
Somos seres sociais, não há como negar. E nesta vivência de conjunto, embora por vezes haja a tendência de avaliar o outro pela própria verdade, a facto é que isso não é possível. De algum modo é uma visão egoica que pretende a validação pessoal. Não estamos a falar de relações abusivas, estamos a falar dos atritos comuns de se terem visões diferentes e a dificuldade em conciliar essas diferenças.
O outro é diferente e isso não tem de ser mau. O diferente em termos de grupo é complementar. Naquilo que é o meu ponto forte posso auxiliar o outro, naquilo que é o ponto forte do outro, pode-me auxiliar a mim.
Por exemplo, um cirurgião tem conhecimento para salvar vidas numa cirurgia, mas não sabe construir uma casa e precisa duma para viver. Um construtor tem conhecimento para construir uma casa, mas não sabe fazer uma cirurgia e pode precisar dessa especialidade em algum momento da sua vida ou da dos que lhe são próximos. Um é melhor ou mais necessário que o outro? Não é este olhar o mais adequado. Ambos são importantes, cada um na sua especialidade. Da mesma forma, há pessoas mais racionais que têm mais facilidade em lidar com determinados assuntos, outras mais emocionais que têm mais facilidade em lidar com outros. Nas parcerias o importante, a seguir aos pontos comuns que são os “atractores” é a Complementariedade. É esta visão que permite a construção e consolidação da mesma.
Quando olhamos de perto para as amizades é interessante observar como por vezes estas pessoas são diferentes de nós e nos sentimos bem com elas. A ideia é que embora diferentes haja tolerância, companheirismo e estes sejam recíprocos. E quando precisamos, sabemos que aquela(s) pessoa(s) está lá para nós. Umas vezes dando colo, outra dizendo-nos verdades pouco agradáveis, mas que precisamos ouvir para RE-olharmos para determinado assunto de outra forma, podendo re-pensar e re-posicionar.
Na realidade os Amigos são os terapeutas de toda a vida! Os amigos são aquelas pessoas que tornam os dias cinzentos mais leves e na hora do aperto só por estarem ali já nos dão ânimo para continuar.
A amizade não tem uma forma estanque em termos de “presença”. Também aqui se deve praticar o desapego – não dependência. Há amigos que estão todos os dias, há amigos que estão muito presentes numa fase de vida, há amigos que sempre que é preciso recorremos embora passe muito tempo sem contacto e respondem sempre, ainda que do outro lado do mundo. Como em todo o tipo de relação, a duração e a forma da ligação pode variar em termos de espaço e tempo.
Um abraço a todos os amigos desta e de outras vidas e, como dizem numa tribo africana:
“Até que a Vida nos volte a encontrar!” <3