“Saúde Mental é um estado de bem-estar emocional, psicológico e social em que o indivíduo é
capaz de lidar com os desafios normais da vida, trabalhar de forma produtiva e contribuir para
a comunidade. É um estado de equilíbrio entre as diferentes dimensões do indivíduo, como
seus pensamentos, emoções, comportamentos e relacionamentos.”
Fazendo uma busca rápida no Dr. Google, foi esta a definição simples que me apareceu e serve
de introdução ao tema cujo dia se comemora hoje, 10 de Outubro – O dia da Saúde Mental.
Quando se celebra “um dia mundial” é uma forma de chamar a atenção para alguma questão
que se considera importante.
Quando falamos de saúde mental, falamos no bem-estar do ser humano. É uma área da saúde
que durante muito tempo foi alvo de estigma, um assunto tabu, visto como fraqueza e,
portanto, a esconder. Esta negação de um sentir natural leva ainda a maiores desequilíbrios.
A ordem pela qual aparece na definição supracitada, é também como o desequilíbrio se
manifesta: o pensamento influencia o que se sente (emoção), o que sentimos dita as nossas
decisões (comportamento) e a forma como nos comportamos com os outros
(relacionamentos), e como somos seres sociais, esse facto vai influenciar o modo como esses
outros se comportam connosco. Quando há desequilíbrios em algum ponto desta
“engrenagem”, os resultados não são satisfatórios e pelo contrário agudizam os
desequilíbrios, insatisfações, desconfortos e disfuncionalidades. Daí a importância de se estar
atento e de agir assim que os sinais surgirem. Como em todas as outras áreas da saúde,
quanto mais cedo se detetar o desequilíbrio e se atuar, maior probabilidade se tem de
readquirir o bem-estar desejado e merecido.
Com base nisto, conseguimos constatar que a saúde mental é a base para uma vida
satisfatória, equilibrada e sã a todos os níveis, na nossa própria experiência de vida e também
na vida dos que estão à nossa volta. Se decidimos de acordo com o que sentimos, que
qualidade de decisões serão tomadas por alguém com raiva? Com medo? Com tristeza
profunda?
Quantas pessoas estão em desequilíbrio e têm nas mãos delas o poder de decidir a vida dos
outros? Que impacto têm essas decisões desequilibradas nas vidas dos outros? Há vários
exemplos que podem ilustrar o que refiro, darei um para que possam ter um melhor
entendimento da situação: imaginemos uma pessoa que está profundamente triste, sofreu
uma perda e sente uma tristeza profunda, um buraco no peito. Não aguentando essa dor
emocional, decide beber para “esquecer” e anestesiar assim a dor. Vai para um sítio e bebe
até perder a noção de quem é. A seguir vai para o volante de um carro e, como não está no
domínio das suas capacidades, provoca um acidente. O comportamento desta pessoa atingiu
outras no acidente, atingiu os próprios familiares e se mantiver o comportamento de fuga, a
própria vida do individuo se dissipará, em termos do trabalho e da rede familiar e de amigos,
ficando cada vez mais isolado, servindo de “argumento” para manter o comportamento, pois
cada vez a tristeza se agudiza mais. Consegue-se, portanto, perceber o efeito “onda” dos
nossos sentires internos e do que provocamos à nossa volta.
Que estejamos atentos a estas necessidades, que da mesma forma que se olha, por exemplo,
para um problema cardíaco e se dá resposta a ele, também se olhe para a saúde mental. Se se
olhar para a saúde mental em primeiro lugar, muitas outras patologias deixam de crescer, uma
vez que muitos dos males são somatizações de estados mentais/emocionais.
Todos passamos por situações que despoletam em nós emoções. Muitas vezes não sabemos
gerir essas emoções de forma saudável e equilibrada, e é aqui que tudo começa a “correr
mal”. Por isso, treino os meus consulentes em Gestão Emocional, uma área que devia ser
ensinada na escola. Lá chegaremos. Entretanto, vamos fazendo o que está ao nosso alcance e
passando essa Consciência aos nossos filhos. E a melhor forma de o fazer é com o Exemplo.
Olhemos com seriedade para este tema, falemos com eles com naturalidade e incentivemo-los
a falar sobre o que sentimos, mas de forma pró-ativa, com vista à solução.
Por isso, já sabe: se precisar, peça ajuda!